A subsérie Escritório nas Minas, nomenclatura utilizada pela companhia para definir a sede básica de onde provinham e chegavam as decisões administrativas. Tal subsérie é composta pelas tipologias Estatutos e certidões; Telegramas/fonogramas; Cartas; Memorandos; e Contratos.
Constituem os Estatutos da Companhia Carbonífera Rio Grandense datado do ano de 1935, documento que não é o primeiro regramento jurídico da empresa, mas sim o mais antigo preservado junto ao fundo. Também acompanha a tipologia a certidão de petição assinada por Ricardo Souza Porto e outros contra a Companhia Minas de Carvão do
Jacuhy, sobre o contrato de arrendamento da Fazenda do Leão, as construções nela efetuadas e os maquinários ali dispostos. Tal certidão cita Genésio da Costa Marques, um dos diretores da CCR em 1929, como parte do caso.
Os Telegramas/fonogramas diz respeito aos documentos de comunicação rápida entre dirigentes da Companhia Carbonífera Riograndense entre as décadas de 1920 e 1930. Em geral, constam cópias de telegramas enviados e recebidos,
tanto para os escritórios da companhia em outras praças, quanto para as minas localizadas no Baixo Jacuí. Consta, entre tais telegramas, um registro de maio de 1936, através do qual o então governador estadual Flores da Cunha recomenda seu amigo, Paulo Labarthe, ao Comendador Martinelli, então um dos acionistas da CCR.
As Cartas registram a troca de correspondências entre distintos setores administrativos da companhia, sobretudo apontando as relações entre tais setores. Estes documentos reportam decisões quanto à postura comercial e de gestão da empresa, reportam as relações da produção carbonífera com a política de impostos do governo federal, tratam dos benefícios e cobranças aos operários, deliberam sobre assuntos financeiros e acertam demandas de mercado. Algumas correspondências também apresentam discussões a respeito das rotas de escoamento da produção carbonífera, sobretudo através do Rio Jacuí e das vias férreas então existentes. Especificamente, convém salientar que as cartas permitem antever, para além das temáticas recorrentes, troca de informações menos constantes, mas igualmente importantes, tais como a importância do respeito à política de compra de explosivos aplicada pelo governo brasileiro (e obedecida pela empresa), a troca de documentos e dados sobre a extração e comercialização do carvão desligamento de funcio- nário das minas da CCR por razões de “segurança nacional”, no ano de 1934, e até mesmo sobre a severa crise que atingiu a CCR entre os anos de 1926 e 1927, ameaçando a companhia de insolvência. Correspondências datadas de 1927, trocadas entre a Superintendência (Porto Alegre, RS) e a Matriz (Rio de Janeiro, RJ) da CCR trazem informações importantes sobre a região de Butiá e o histórico da mineração no local.
Já outro conjunto de correspondências, datado do final de 1937, aponta para o estudo sobre o carvão nacional e aponta alternativas estudadas para viabilizar o barateamento no custo das despesas da companhia. Outras cartas abordam também a difícil situação do trabalho nas minas de carvão administradas pela CCR, reportando acidentes entre mineiros, a postura da empresa em relação aos pedidos de férias dos operários, as atividades de paralisação e protesto (como as apontadas no ano de 1923), as notificações da companhia sobre o alistamento militar de seus funcionários e organização das Juntas de Conciliação do Trabalho no âmbito do regime de atuação nas minas. Conveniente também é salientar as cartas que tratam de temas referentes à vigilância policial no âmbito das atividades de mineração (como a correspondência que se refere à criação de uma seção policial na Mina de Butiá, em 1921). O maço de cartas relativa ao ano de 1934, por sua vez, aponta a criação do Esperança Foot-Bool Club, além de correspondências entre o Ministro
da Guerra e os administradores das minas de Butiá, referentes ao alistamento de mineiros. Por fim, cartas destinadas a destinatários diversos permitem ver as relações da Companhia com fornecedores de materiais, entidades financeiras, seguradoras, compradores de carvão e empreiteiros responsáveis pela construção e manutenção da infraestrutura
da CCR, como o Cabo Aéreo, o Porto do Conde, os cabos telegráficos e as vias férreas. Constam, de forma sucinta, os seguintes cruzamentos entre remetentes e destinatários, de acordo com a ordenação cronológica:
• 1917/1921: Engenheiro Chefe x Diversos
• 1918: Matriz x Engenheiro Chefe de Butiá; Superintendência x Di-
versos; Engenheiro Chefe x Engenheiro Ajudante das Minas do Bu-
tiá;
• 1918/1919: Superintendência x Minas do Butiá (Engenheiro Che-
fe); Engenheiro Chefe x Engenheiro Ajudante das Minas do Butiá;
• 1919: Diversos x Honório Hermeto Correia da Costa (Engenheiro
Chefe);
• 1920: Engenheiro Chefe x Superintendência; Engenheiro Chefe de
Butiá x Diversos; Diversas;
• 1921: Superintendência x Engenheiro Chefe da Mina de Butiá; In-
tendência Municipal de São Jerônimo x Superintendência; Diver-
sas;
• 1922: Superintendência x Engenheiro Chefe da Mina de Butiá; En-
genheiro Chefe de Butiá x Diversos;
• 1922/1923: Engenheiro Chefe x Superintendência;
• 1923: Superintendência x Matriz; Superintendência x Estrada de
Ferro Jacuhy; Superintendência x Diversos;
• 1923/1924: Superintendência x Matriz;
• 1924: Agência de POA (Superintendência) x Matriz; Superinten-
dência x Engenheiro Chefe; Agência de POA (Superintendência) x
Diversos; Diversas;
• 1924/1925: Agência de POA (Superintendência) x Diversos; Com-
panhia Minas do Carvão do Jacuhy (CMCJ);
• 1924/1926: Agência de POA (Superintendência) x Diversos;
• 1925: Engenheiro Chefe de Butiá x Diversos;
• 1925/1926: Agência de POA (Superintendência) x Matriz;
• 1926: Superintendência x Matriz; Superintendência x Engenheiro
Chefe; Agência de POA (Superintendência) x Diversos; Diversas;
• 1926/1927: Agência de POA (Superintendência) x Matriz;
• 1926/1928: Agência de POA (Superintendência) x Diversos;
• 1926/1931: Agência de POA (Superintendência) x Minas do Butiá
Engenheiro Chefe;
• 1927: Diversos x Superintendência; Diversas;
• 1927/1929: Agência de POA (Superintendência) x Matriz;
• 1927/1936: Agência de POA (Superintendência) x Estrada de Ferro Jacuhy;
• 1928/1929: Agência de POA (Superintendência) x Diversos;
• 1929: Diversas;
• 1929/1930: Agência de POA (Superintendência) x Matriz;
• 1930: Diversas;
• 1930/1931: Agência de POA (Superintendência) x Matriz; Agência
de POA (Superintendência) x Diversos;
• 1931/1932: Agência de POA (Superintendência) x Diversos;
• 1931/1933: Agência de POA (Superintendência) x Matriz;
• 1931/1936: Agência de POA (Superintendência) x Diversos; Diver-
sas;
• 1932: Fornecedores x Superintendência;
• 1932/1933: Engenheiro Chefe de Butiá x Diversos;
• 1933: Engenheiro Chefe de Butiá x Diversos;
• 1933/1934: Superintendência x Engenheiro Chefe das Minas de
Butiá; Agência de POA (Superintendência) x Diversos; Administração das Minas do Recreio x Engenheiro Chefe de Butiá;
• 1933/1935: Agência de POA (Superintendência) x Matriz;
• 1934: Superintendência x Engenheiro Chefe; Agência de POA (Superintendência) x Diversos; Fornecedores x Superintendência; Engenheiro Chefe de Butiá x Diversos; Diversos x Engenheiro Chefe;
• 1934/1936: Agência de POA (Superintendência) x Diversos;
• 1935: Agência de POA (Superintendência) x Matriz;
• 1935/1936: Superintendência x Engenheiro Chefe; Engenheiro
Chefe de Butiá x Diversos; Diversos x Engenheiro Chefe das Minas
de Butiá;
• 1936: Matriz x Superintendência; Superintendência x Engenheiro
Chefe; Fornecedores x Superintendência.
Os Memorandos incluem registros de correspondência interna entre administradores da CCR, sobretudo em relação ao envio/recebimento de documentos, pagamento de contas e impostos, trânsito de relatórios de extração e de
informes sobre operários e horas por eles trabalhadas.
Os Contratos referem-se, basicamente, a dois documentos, o primeiro deles referente à locação de terrenos nas Minas de Butiá e o segundo relativo à construção de uma estação no Poço 2 (tal contrato conta com uma proposta de orçamento entre a CCR e a construtora envolvida na obra).
A série Administração está dividida em três subséries nas quais constam as tipologias que elucidam a conformação do conjunto documental, suas funções e significados. Basicamente, tal série dá conta das atividades básicas da Companhia Carbonífera Rio Grandense, desde a atuação diretiva de seus gestores, até a combinação de registros que permitem conhecer os meandros da exploração carbonífera na região de Butiá e a mão de obra empregada em tal trabalho. As subséries que a compõe são: Escritório nas Minas (03.01.1)7; Extração de Carvão (03.01.2); e pessoal (03.01.3).
A série Pessoal destina-se a agrupar documentos produzidos em função do registro de atividades, pagamento, suspensão ou adiantamento de salários aos mineiros da Companhia Minas de Carvão do Jacuhy. Compõem a série as seguintes tipologias: Folhas de Pagamento, Recibos de Adiantamento de Salário, Controle de Dias Trabalhados, Lista de Atraso de Pagamentos.
A Folha de Pagamento reúne imformações como o nome dos operários, período trabalhado e quantia recebida em dinheiro por tal serviço. As folhas dão conta do pagamento aos operários em ação na Mina do Leão, durante os anos de exploração daquela jazida pela Companhia Minas de Carvão do Jacuhy.
Os Recibos de Adiantamento de Salário apontam para o registro de adiantamento de salários pela companhia em relação a seus operários. Os registros mostram os chamados vales emitidos, que permitiam o controle sobre quanto do salário dos mineiros havia sido adiantado e quanto ainda restava por pagar a eles. É importante salientar que alguns vales também eram utilizados como adiantamento de gastos junto à Cooperativa das Minas.
O Controle dos Dias Trabalhados elenca a relação de operários e a carga horária por eles trabalhada em determinadas jornadas. Constam os pontos de pedreiros e serventes, da Carpintaria e dos mineiros do Poço Wenceslau Braz (Mina do Leão).
A Lista de Atraso de Pagamentos registra débitos da companhia ou de operários junto à Cooperativa.
A Folha de Pagamentos são varias registros diversos de pagamentos a trabalhadores de diferentes entidades ligadas a mineração.
A série é composta pelas tipologias Relação de materiais, Controle de materiais, Inventários de Materiais, Balancetes Financeiros, Faturas e Recibos e Cartas, identificadas a partir do mapeamento a respeito de seu produtor original (o próprio almoxarife da companhia). São documentos que versam a respeito da entrada e saída de materaiais provenientes de distintos locais e contextos.
A Relação de materiais registra os materiais fornecidos à Mina do Leão pelo Almoxarifado, além de registrar a mesma informação em relação à Vila Operária e outros setores da companhia. Basicamente, a documentação permit antever o fluxo de bens materiais utilizado no contexto de exploraçã carbonífera.
O Controle de Materiais elenca os materiais de uso armazenados e geridos pelo Almoxarifado e enviados a outros setores da companhia, tais como o Porto Coronel Carvalho. O sentido desta documentação é, justamente, o de controlar o envio de materiais, tais como ferramentas, trilhos, etc.
Os Inventário de Materiais são listagens feitas no ano 1919 tendo por referência as Existências da Companhia em 31 de dezembro de 1918, e que constam no Balancete das despesas feitas com instalações e custeio nas Minas do Leão, discriminando especificamente as com Administração no Rio (Matriz da Companhia); Administração; Afloramentos com Instalação e Exploração; Arrendamentos; Casa da Diretoria; Despesas Gerais; Estudos e Sondagens; Levantamentos Topográficos; Conservação de Edifícios, Estradas de Rodagem e Benfeitorias; Poço Wenceslau Braz; umauto “Ford”; Transporte terrestre; Usinas e Oficinas; e Semoventes.
Os Balancetes Financeiros fornecem as relações de contas da Cooperativa das Minas do Leão em 31 de dezembro de 1918, e as constantes no Balancete do Almoxarifado Geral da Administração em Rio Grande nos meses de agosto e
setembro de 1919, designando os materiais por unidades, entradass, saídas e totais de quantidades valores.
As Faturas e Recibos contêm documentos que comprovam o pagamento de materiais comprados e/ou cedidos para/pelo Almoxarifado nas atividades de exploração carbonífera.
As Cartas possuem registros do ano de 1918, sobre o intercâmbio de informações entre o Almoxarife, o Contador e as Superintendências da Companhia na Mina do Leão e em Porto Alegre, assim como entre a Matriz, no Rio de Janeiro, e o diretor da Companhia, em Porto Alegre, assim como entre a Matriz da Companhia no Rio de Janeiro e o seu diretor em Porto Alegre. Dentre as temáticas que constam nesta Tipologia, encontram-se pedidos e aquisições de materiais; boletins diários de serviços no Porto Coronel Carvalho; controle de mercadorias para a Cooperativa das Minas, inclusive as reclamações sobre gêneros alimentícios deteriorados; envio de demonstrativos de caixa e mapas de exploração de carvão; lançamentos de créditos da Companhia feitos pela Estrada de Ferro Jacuhy; relações de mercadorias transportadas nas chatas com destino ao Porto do Conde e contas pagas à Standart Oil Company. Também
se encontram os saldos em folhas de pagamentos de trabalhadores da Companhia; débitos feitos na conta da Comissão de Instalação das Minas, bem como créditos realizados à Cooperativa e alugueis de casas nas Minas.
A série é composta por Balancetes financeiros; Movimento de Caixa; Boletim de Caixa; Inventário de Equipamentos e Materiais; Cartas: e Pagamentos de Serviços e Materiais.
Os Balancetes Financeiros Abrangem relatórios referentes aos movimentos financeiros regis-
trados pela companhia em suas atividades de exploração carbonífera, na construção de instalações para a organização e escoamento da produção, nos transportes e no fornecimento de carvão e outros produtos a empresas distintas. A documentação está estruturada no modelo “deve/haver”, ou seja, registros de débito e crédito, relacionados à atuação da
empresa na região.
O Movimento de Caixa contém informações referentes à contabilidade geral da companhia, na maioria das vezes registrada de forma resumida, a partir das informações obtidas junto aos Boletins de Caixa.
Os Boletins de Caixa são compostos por Boletins mensais, dos anos de 1919 e 1920, onde constam os saldos do dia, pagamentos para as despesas gerais e o Almoxarifado Geral, bem como os dos atrasos efetuados à Estrada de Ferro Jacuhy, e recebimentos, dentre eles os remetidos pelo Banco Francês, Italiano e Lloyd Brasileiro. Constam, também, notas de débito de vencimento de pessoal, recibos, e saldos à Cooperativa das Minas.
O Inventário de Equipamentos e Materiais constitui-se de um levantamento geral sobre os bens totais da companhia em 1920 e relaciona ainda as diferenças encontradas em documento congênere do ano anterior.
As Cartas elencam a correspondência entre o Escriptório de Contabilidade da companhia e distintos destinatários. A correspondência é composta por cópias de telegramas, memorandos, balancetes, boletins de caixa e recibos, versa sobre o pagamento de salários, arrendamentos e outras contribuições. Nos tomos, cita-se também o rompimento do acordo entre a Companhia Minas de Carvão do Jacuhy e a Companhia Francesa do Porto de Rio Grande; são relacionadas, como
cópias ou anexos, as tratativas de venda e cedência de maquinário para outras companhias e notas fiscais que comprovam pagamentos e a comunicação entre setores tais como a presidência e a diretoria da empresa.
O dossiê de Pagamentos e Serviços Materiais Abrange documentos entre a companhia e seus fornecedores, incluindo não apenas as notas, mas também orçamentos e faturas relativas a folha de pessoal, viagens e mercadorias diversas. Observa-se nesta documentação a relação entre a companhia e outras empresas, como a Aliança do Sul e a Viação Férrea do Rio Grande do Sul. As faturas e recibos referem-se ao conjunto de documentos destinados a comprovar distintos pagamentos realizados pela companhia em função de atividades diversas. Destacam-se os recibos referentes ao pagamento de operários, da Cooperativa das Minas e de fretes. Uma nota registra, em dezembro de 1918, o pagamento pela condução dos cadáveres dos operários mineiros Veríssimo Morosa, João Leivas e o foguista da lancha Mirim, vitimados pela gripe espanhola. Constam ainda recibos de pagamento de amortização das dívidas da companhia junto ao Governo Federal.
O conteúdo da série se baseia nas tipologias documentais Cartas, Telegramas, Código Telegráfico (Ribeiro), Relatórios dos Trabalhos das Minas e Diários de Ocorrências. Tais documentos registram não apenas as atividades voltadas à gestão da companhia, como também atestam detalhesa respeito da produção carbonífera e dos investimentos efetuados pela
empresa na região.
Nas Cartas, há a correspondência encardenada ou avulsa relativas aos contatos realizados entre os administradores da Companhia Minas de Carvão do Jacuhy, seus subalternos, parceiros comerciais e sócios. A correspondência trata, basicamente, dos detalhes relativos à construção da Estrada de Ferro do Jacuhy (1917-1920), as despesas realizadas com a obra, listados de dívidas a pagar, relacionamento com organismos tais como a Cooperativa das Minas e a Caixa de Socorro, envio de relatórios referentes à movimentação no processo de extração do carvão e decisões de caráter gerencial e administrativo. Os livros chamados de “copiadores” contém correspondência organizada de acordo com os remetentes e destinatários, envolvendo a Matriz, as minas e as agências da companhia em outras praças. Tais documentos assinalam a estrutura de mando e as esferas de decisão da empresa ao longo do tempo.
Os Telegramas incluem documentação entre os acionistas Horta Barbosa e Arrojado Lisboa, referentes à abertura dos primeiros poços da Minas do Leão, além boletins de serviço, relatórios de atividades nas minas e cor-
respondência entre a superintendência da Companhia e os diretores da mesma, no Rio de Janeiro.
O Código Telegráfico refere-se ao Código Telegráfico Ribeiro, que é o instrumento de padronização de linguagem e contato utilizado pelas companhias para comunicação telegráfica.
O Relatório de Trabalho nas Minas abrange o período de 1919-1920, contendo informações semanais informações
semanais dos trabalhos realizados nas Minas do Leão, apresentando dados sobre as produções médias diárias e totais do Poço Wenceslau Braz e medição das galerias. Dentre as temáticas abordadas, constam os relatos sobre a produção recorde no Poço Wenceslau Braz, no ano de 1919, creditada à entrada de novos mineiros nos quadros funcionais
da Companhia; por outro lado, é mencionada a falta de pessoal para fazer a escolha do carvão no chão, gerando acúmulo ao lado da via-férrea. Também compõem essa Tipologia, Relatórios pormenorizados sobre acidentes com os maquinários e seu funcionamento; informações; a ventilação no Poço; oficinas e caldeiras; novas instalações na Mina, bem como planos de exploração e os pagamentos de operários, salientando os atrasos em seus pagamentos, em janeiro de 1920, e a preocupação da Companhia com a “nova explosão” que isso ocasionará, e que, dessa feita, não será fácil de conter como a anterior. De igual modo, há registros dos bailes realizados nas Minas, salientando sua iluminação com luz elétrica, e o fato de trazerem diversão à monotonia da vida dos trabalhadores. Mencionam-se, também, os relatos sobre a urgência de organizar e publicar os estatutos da Caixa de Socorro, para que cada sócio saiba suas obrigações e direitos.
Os Diários de Ocorrência abrangem o ano de 1919, sendo relatos da produção na Mina do Leão, feitos pelos engenheiros e ajudantes da Companhia. Neles estão registradadas a punho as relações de ocorrências e notas referentes ao serviço durante cada turno de trabalho, registrando falta de materiais e de pessoal, e a produção no Poço Wenceslau Braz, dentre outros. Nos Diários constam, também, registros do cotidiano dos dias de trabalho das minas, onde as “novidades”, acidentes, e os dias em que os trabalhos foram “muito mal” são relatados com minúcias pelos responsáveis da Companhia.
A série Almoxarifado é composta pelas tipologias Cartas, Balancetes e Controle de Materiais, referentes às atividades exercidas pelo Almoxarifado da Estrada de Ferro do Jacuhy durante os anos de 1916 a 1920, período importante do empreendimento, pois abarca a construção do mesmo.
As Cartas incluem a correspondência entre o almoxarife da Estrada e outros setores da via-férrea, tais como o contador, além do contato entre o responsável pelo Almoxarifado e o superintendente da Companhia Minas de Carvão do Jacuhy. As cartas também incluem o registro de ordens remetidas pela Inspetoria Geral de São Jerônimo para o almoxarife C.R. Ferrari, em 1920.
Os Balancetes referem-se ao levantamento sobre materiais constantes no Almoxarifado, bem como aqueles que foram despachados a outros setores.
O Controle de Materiais de Exploração referem-se ao registro dos materiais usados no abastecimento, reparação e conservação de locomotivas, pontes, linhas, bueiros, edifícios e dependências que constituíam a estrutura da Estrada de Ferro do Jacuhy.
A série Contabilidade refere-se ao acompanhamento financeiro-contábil das atividades de construção e operação da Estrada de Ferro do Jacuhy até 1920. A série é composta pelas tipologias Cartas, Diários/Balancetes, Boletins de Caixa, Folha pagamento pessoal, Memorandos, Guias de Expedição, Recibos de Pagamentos e Registro de rendas e transporte.
As Cartas contém a documentação produzida ou recebida pelo contador da Estrada de Ferro em função de suas atividades. Basicamente, esta correspondência se cruza com outros setores da Companhia Minas de Carvão do Jacuhy, com outras companhias e com entes públicos. Tais registros apresentam informações a respeito do andamento das obras de construção da Estrada de Ferro do Jacuhy, os valores nelas gastos, os débitos com folhas de pagamento, algumas dificuldades como a fal-ta de recursos em caixa e acidentes na rotina de trabalho e também um conjunto de correspondências referentes ao processo de dação da Estrada à Fazenda Nacional, em 1920.
Os Diários/Balancetes referem-se aos materiais utilizados, seus custos, os gastos com pagamentos e serviços efetuados pela Estrada de Ferro.
Os Boletins de Caixa se referem ao mesmo tipo de conteúdo, mas estruturado de forma menos resumida e em períodos de tempo mais curtos.
A Folha Pagamento de Pessoal refere-se aos trabalhos da Companhia Minas de Carvão do Jacuhy na construção da Estrada de Ferro, registros de pagamentos referentes aos trabalhos do empreiteiro Arthur Shwerin e registros de adiantamentos realizados por outros setores da Companhia para a Estrada. Também fazem parte de documentos que registram os gastos com o operariado da Estrada de Ferro, além dos setores administrativos da mesma, permitindo antever quem eram os indivíduos que trabalhavam no setor no período de construção e consolidação da linha. Neste conjunto, destaca-se Recibos de pagamento dos vencimentos do chefe da seção policial, Turibio Pereira da Costa, feitos pela Companhia.
Os Memorandos constituem uma tipologia referente à comunicação interna da Estrada de Ferro, sobretudo em relação ao pedido de materiais. Uma das correspondências alerta para a necessidade de “precisa comunicação” do escritório para a realização de pagamentos, indicando o fluxo de autorizações das ações financeiras da companhia.
O Guia de Exposição registra as rendas obtidas com os serviços de transporte, sobretudo a partir do Porto do Conde, destino final da Estrada de Ferro do Jacuhy. Tais guias orientam-se pelo registro do tráfego fluvial no rio Jacuí à época, situação similar à documentada através da tipologia Registro de Rendas de Transporte.
O Recibo de Pagamentos refere-se aos registros de pagamentos efetuados pela Estrada de Ferro através de sua contabilidade.
O Registor de Rendas de Transporte relaciona a movimentação financeira em relação ao pagamento de fornecedores, Almoxarifado e Administração, bem como aponta as rendas e a situação do caixa da Estrada.
O Subfundo Estrada de Ferro Jacuhy se refere ao período de 1916, quando a Companhia Minas do Jacuhy obteve a concessão para a construção da Estrada, até 1920, ano em que a Companhia Minas de Carvão do Jacuhy a transferiu ao Governo federal. Informações que vão desde a Comissão instituída para a construção da Estrada, até as tratativas feitas entre a diretoria da Companhia e a União para solucionar os problemas enfrentados pela CMCJ estão presentes na documentação reunida neste Subfundo, que não se limita, contudo, a ele próprio, mas ultrapassa os seus limites, devido ao estreito vínculo estabelecido entre
a Estrada de Ferro Jacuhy, e as Companhias que se valiam desta via-férrea e seus ramais para escoar suas produções até o Porto do Conde.
A série Administração Central é constituída por duas tipologias documentais: Cartas e Escrituras de Propriedade. Basicamente, a série trata de documentos destinados a aferir processos decisórios no contexto da administração da companhia, bem como a correspondência entre seus administradores.
As Cartas reportam o contato entre os responsáveis pela administração e construção da Estrada de Ferro do Jacuhy, empreendimento que compôs a estrutura da Companhia Minas de Carvão do Jacuhy. Basicamente, as Cartas retratam a troca de correspondências entre o Engenheiro Chefe da Estrada, a Direção da companhia, o superintendente da mesma, o contador da Estrada, chefes de outras companhias e fornecedores. Constam normas destinadas a padronizar a forma de correspondência entre os integrantes da administração, cartas relatando o envio de plantas de maquinários, notas e recibos de despesas.
Os documentos também registram as fases da construção da Estrada, seu detalhamento técnico, a desapropriação dos terrenos que receberam as linhas, a situação dos seguros da obra e o relato da compra de locomotivas. Cartas de novembro de 1917 trazem resoluções a respeito do funcionamento do serviço oferecido pela Estrada, bem como orientam para a estrutura administrativa da mesma. Os documentos de 1920 reportam, também, as mudanças na diretoria da Estrada, assim como o registo de construções irregulares ao longo da via e a interrupção dos trabalhos.
As Escrituras de Propriedade refere-se a um extrato para transcrição, do ano de 1920, sobre a Estrada de Ferro Jacuhy, incluindo o ramal de Butiá, contendo a história da construção da Estrada; localização dos seus prédios; quilometragens da estrada e do ramal, assim como dos terrenos de propriedade da Estrada; inventário de maquinários; cópia da dação da Estrada feita à Fazenda Federal da República e o translado da sua escritura.